domingo, 31 de maio de 2009

Ser loira... e baixista... e jornalista... e produtora...

Hoje ao acordar ao dar uma geral nas notícias da net... me deparei com estas fotos e a notícias de que em Riga, capital da Letônia (país europeu que fica entre Lituânia, Estônia e Rússia), um "exercito" de loiras fizeram uma espécie de "desfile" ou "parada" para, segundo elas, botar o sorriso novamente no rosto do povo local por conta da recessã. Detalhe... muuuuito rosa... até os cãezinhos foram vestidos de rosa durante caminhada.

Fotos: Ilmars Znotins/AFP

Bom... quando vejo um tipo de coisa destas, lembro de muitas coisas que já passei e passo por ser loira... tipo preconceito mesmo... ou seja... jamais participaria de um evento assim...

mas já que o assunto aqui é baixo... e não loiras... vou compartilhar algumas pérolas que já ouvi por ser loira e baixista...


* convite para tocar em bandas... este é até repetitivo... acho que já ouvi pelo menos uns 3 ou 4... não é piada, nem brincadeira... é sério mesmo... e os convites são verdadeiros...

"você quer participar da minha banda? Estou precisando de uma loira tocando baixo..."
ou...
"ah... você quer tocar na minha banda? Só de ter uma loira tocando baixo lá já vai atrair um monte de gente..."
meu comentário... como assim???? Que tipo de banda é essa???? PQP

* bandinha de meninas... "quer entrar? só falta uma loira..."
meu comentário... jamais fiz parte de bandinhas de meninas... nada a ver... não comigo... muito menos quando as instrumentistas são escolhidas pela cor dos cabelos...

* postagens em um fórum de contrabaixo em relação a revista baixo brasil... estavam falando de mim...


"UHAUHAUHAUHAUHA!A paciencia da galera ta acabando hein!tao descobrindo que a tal loirinha simpatica, junto com o seu cla so usaram o forum pra atrair as vitimas..."
meu comentário... "a tal loirinha achava que estava "atraindo" leitores inteligentes...
"Galera...concordo que a moça é um pitelzinho...uma mulher baixista..loira...entendo o fetiche...acho bacana tanto cavalheirismo...mas a moça é casada..."
meu comentário... "pitelzinho"????? meu... onde este cara desenterrou esse adjetivo? que horrível... e "fetiche"... quer dizer que loiras tocando baixo são fetiches? putzzzz... horrível este tipo de pensamento... neeeiinnnn

* conselho de um "amigo":
"acho que você deveria pintar o cabelo de castanho pra galera saber de cara que você é inteligente... dá trabalho provar que é inteligente sendo loira..."
meu
comentário... quase terminei a amizade mandando ele se f**** *

* num festival de baixo... um baixista super conceituado... super conhecido... enfim... vira pra mim e diz bem sério e com insistencia:
"você quer dar uma canja no meu show? Meu sonho é dividir o palco com uma loira..."

meu
comentário... aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... socoooroooooo...

olha eu poderia ficar aqui escrevendo paginas e paginas com estas pérolas... mas meu ponto é... realmente não é fácil ser loira e "diferente" ... não fazer o tipo "loira" mas seguir uma carreira com seriedade, enfim... ser just me... eu trabalho pra caraaambaaa... quem acompanha meu dia a dia sabe o quanto eu trabalho... trabalho, faço esportes, nado, corro, ando de bike regularmente, saio com os amigos pra beber, falo bobagens, enfim... poderia ser um cara moreno... rsss...
mas olha...
já não é fácil ser mulher num mundo predominantemente masculino como o que eu vivo... ainda mais loira...
por isso jamais participaria de um desfile que faz apologia as loiras...
como assim desfile de loiras como "ópio do povo"? Loira é uma cor de cabelo e não um estigma... nem um estilo de vida...



saudações baixisticas... sempre causando...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

aula de baião com gonzaguinha

Já falei várias vezes o quanto gosto de ritmos brasileiros e das histórias que existem por tras destes... aí... achei este vídeo que é mais que demais...

Gonzaguinha dando uma verdadeira aula de baião... num programa produzido pela TV CULTURA - Ensaio em 1990. Ele fala da forma de pensar e estudar de Gonzagão... ou seja... pra quem gosta de ritmos brasileiros... imperdível...


Gonzaguinha encerra cantando qui nem jiló... um clássico do baião... gravado e regravado e que tem muuuitas versões e diferentes arranjos... aproveito pra "oferecer" (que nem programa brega de rádio rsss... podem até pensar na voz do radialista...) esta música pros meus amigos que são aquelas pessoas que temos sempre no coração, pensamento... mas não é sempre que os vemos, pela nossa própria vida em viagens, cidades diferentes... enfim... e a gente moooorre de saudades.... pois quando estamos juntos é sempre muito bom... Rejane de Musis, Rita Kfouri, Ronaldo Lobo, Ebinho Cardoso, Pixinga, André Vasconcellos, David Feldman, Henrique Fontoura... e pra todos aqueles que tem amigos e sentem saudades...(eitaaa... inspiraaadaaaa)






Que Nem Jiló

Composição: Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira

Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer
Que é feliz sem saber
Pois não sofreu

Porém se a gente vive a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade, entonce, aí é ruim
Eu tiro isso por mim,
Que vivo doido a sofrer

Ai quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz doer
E amarga qui nem jiló
Mas ninguém pode dizer
Que me viu triste a chorar
Saudade, o meu remédio é (tocar) ... parodiei... não resisti...


Saudações baixisticas... sempre causando...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ronaldo Lobo ao vivo na NET


Quer conhecer um pouquinho mais do trabalho do baixista Ronaldo Lobo?

Assista hoje quarta feira dia 27 maio as 20hs ao vivo o programa no flyer acima...


Saudações baixistas... sempre causando...


terça-feira, 26 de maio de 2009



Dias 27, 28 e 29 de Maio no Clube do Choro de Brasília tem show de Leo Gandelman, que será acompanhado por André Vasconcellos (baixo), Allen Pontes (bateria) e David Feldman (piano)... meus três amigos mais que queridos que amooooooo....

Inclusive... André, David, Ebinho, Rê, Sandro e eu temos um pacto estelar... universal e eterno... (não perguntem o que é isso... pura viagem em uma noite na chapada que vimos o por da lua e outras coisas mais...)

Saxofonista, produtor, compositor e arranjador, a música sempre esteve presente na vida de Leo Gandelman. Filho de uma pianista clássica e de um maestro, aos 15 anos já era solista da Orquestra Sinfônica Brasileira. Além da sólida formação clássica, estudou no Berklee College of Music, nos Estados Unidos, regressando ao Brasil em 1979 para dar início à carreira profissional.

Desde 1977, Leo vem se dedicando às atividades de saxofonista, arranjador e produtor, tendo participado em mais de 800 gravações. Iniciou sua carreira solo em 87, inspirando- se principalmente na música brasileira e no Jazz, sempre com clara versatilidade e criatividade. São marcas registradas que fizeram com que ele fosse eleito durante 15 anos consecutivos pelo concurso "Diretas na Música", do Jornal do Brasil, "o Melhor Instrumentista Brasileiro".

Seu trabalho também foi lançado com sucesso nos Estados Unidos, onde Leo desenvolveu uma carreira notável na última década, com direito a seis temporadas de casa cheia no Blue Note de Nova Iorque. Com o trânsito fluente entre o Jazz e o clássico, participou como solista, em 2001, dos concertos da Orquestra Sinfônica Brasileira no Lincoln Center e no Central Park.

Voltando ao Brasil, Gandelman também foi solista da Orquestra Sinfônica da Bahia e de Ribeirão Preto, entre outras, interpretando a Fantasia de Villa Lobos para Sax Soprano e Orquestra e o Concertino para Sax Alto, de Radames Gnatalli. O mesmo repertório o levou à sala São Paulo, onde se apresentou com a OSESP em 2003, sob a regência do maestro John Nashling.

Em 2004, Leo Gandelman foi solista convidado da Orquestra Sinfônica de Brasília no concerto da Independência, com um repertório de músicas brasileiras para o presidente Lula e convidados do governo. E em 2006 gravou um CD/DVD com a Orquestra Sinfônica da Petrobrás, sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky, do Concertino de Radamés Ganattali, que foi lançado pela Rádio MEC.

Leo Gandelman (Foto: Lívio Campos)Leo já gravou dez discos ao longo de sua carreira solo, tendo vendido mais de 500 mil cópias. Nos últimos anos tem realizado workshops e participado de Festivais em todo país. Com o CD "Radamés e o Sax", Leo Gandelman , ganhou o prêmio TIM 2007 como "Melhor Disco Instrumental" e "Melhor produtor".

Atualmente ele se dedica ao lançamento do novo projeto em CD e DVD "Sabe Você", pela EMI Music Brasil, numa linda releitura de baladas brasileiras, com participações especiais de grandes nomes da MPB como Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Luiz Melodia, Leny Andrade, Ney Matogrosso, Joel Nascimento e Leila Pinheiro.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Estreia no baixista.com



Ayka Zero, Karla Maragno e Ney Neto... super amigos não só do baixistas... mas de outras paradas também...


Olá a todos!!!

Informo que estreiou hoje no site baixista.com minha nova coluna...
http://www.baixista.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=226&Itemid=1

espero que gostem...


saudações baixisticas... sempre causando...

domingo, 24 de maio de 2009

Apresentação da Orquestra de Contrabaixos Tropical

Orquestra de Contrabaixos Tropical - Participação Especial: Leonard Delor


A Orquestra de Contrabaixos Tropical – formada por Tibô Delor, Guto Brinholi, Alex Robert, Ivan Gomes e Gustavo Mazon – interpreta “Falando de Amor” (Tom Jobim), “Choro N°3” (Villa-Lobos), “Baixopé” (Léa Freire), “Lá Dans Les Airs” (Tibô Delor), “Beatriz” (Edu Lobo), “Carrancas Brasileiras” (Ivan Gomes e Tibô Delor) e “Na Cadência Bonita do Samba” (Ataulfo Alves), entre outras. O show tem participação especial do jovem contrabaixista Leonard Delor. A Orquestra de Contrabaixos Tropical, única no Brasil, foi criada, em 2002, pelo contrabaixista Tibô Delor.

O trabalho do grupo traz para o cenário musical uma nova concepção do instrumento (contrabaixo), que sai de trás das orquestras, como um instrumento oculto, para se tornar o personagem central de todo um desenrolar de situações cênicas e sonoras jamais presenciadas. Ora acompanhando, ora solando e ora percutindo, ou tudo isso junto, vários músicos se deixam levar por um instrumento desproporcional, fazendo com que todos estes elementos se tornem um elemento só, a Orquestra de Contrabaixos Tropical.

Integrantes: Tibô Delor, Guto Brinholi, Alex Robert, Ivan Gomes e Gustavo Mazon

24/maio (dom.), às 17h.
R$ 10 (com ¹/2 entrada)

OBS: Tel: (11) 3662-5177 Capacidade: 100 lugares Bilheteria: 1 h antes dos shows (aceita cheque e dinheiro) Ar condicionado e acesso universal Classificação etária: Livre

Local:

Sala Funarte Guiomar Novaes
Al. Nothmann, 1058
Campos Elíseos
São Paulo - SP
Tel.: (11) 3662-5177



sexta-feira, 22 de maio de 2009

História do Jazz... parte I















Há alguns anos atras escrevi esta matéria pra uma revista de música... eu sou muito fascinada por história... principalmente quando esta é ligada a ritmos... por isso... dei uma modificada na matéria... coloquei uns elementos, tirei outros e coloco aqui um pouco deste ritmo que influencia tanto nossa forma de tocar...
enjoy...
“O jazz não é um estilo musical, mas uma forma de se tocar”
Louis Armstrong



Quem diria que a palavra “jass”,que muito antes do nascimentoda música era um termo vulgar usado para o ato sexual,iria transformar-se em “jazz” e virar sinônimo de arte musical, de composição,improvisação, de um estilo vivo que está em constante evolução...

A linguagem sonora que influenciou a música em boa parte do mundo.

Para que o jazz se tornasse o que ouvimos hoje,percorreu uma longa e interessante história, que começa com a chegada de negros escravos nos EUA com ritmosintermináveis africanos.As primeiras manifestações musicais eram danças frenéticas envolvendo diversas partes do corpo com sinetas e guizos como instrumentos.
Usavam ainda tambores batidos com pés, mãos, cotovelos e acessórios sonoros que eram sacudidos e raspados, como tábua de lavar roupa, mandíbula de cavalo, tonéis.Mais tarde com a evangelização dos negros,esta cultura foi sobreposta às estruturas musicais européias através de hinos religiosos.A esta fusão, juntaram–se as primeiras escalas pentatônicas do Oeste africano, originando o negro spiritual.De forma semelhante criaram as work songs, compostas de perguntas e respostas,que ritmavam e alentavam o trabalho braçal.

O Improviso

De longe, a característica mais marcante do jazz e a que mais influenciou a música mundial é a improvisação. Está na história da música como um todo, pois é nesta prática que se solta a criatividade,na invenção de frases melódicas capazes de exprimir um estilo e uma personalidade.A improvisação como formação do músico foi meio deixada de lado em uma época emque a escrita musical atingiu um desenvolvimento enorme e os compositores escreviamcada vez mais.Com os músicos emergentes negros americanos, acontecia o contrário.

Além de terem menos formação musical, vinham de uma cultura africana de tocar tambores e cantar improvisando. Isto os levavam a fazer arranjos de cabeça, ou seja, improvisavam. Geralmente as improvisações são acompanhadas e feitas em cima de temas. A partir de um tema é possível improvisar, desenhar melodicamente a música sobre a base, parafrasear. Existem ainda improvisações coletivas onde as vozes de vários instrumentos se misturam numa polifonia.

♫ O Nascimento do Jazz


banda de jazz em um funeral em New Orleans

Por volta de 1900, muitos negros em New Orleans haviam aprendido instrumentos de sopro e juntaram-se a aqueles que tocavam tambores, já nãotão extravagantes nem tão rústicos como outrora, e aos finais de semana ànoite tornavam-se músicos ocasionais. Estes ritmos somados as marchas de fanfarras, quadrilhas francesas e composiçõesde pianistas de bar,constituíram o primeiro repertório do jazz.As bandas eram móveis, itinerantes. Tocavam nas ruas, em cerimônias públicas,desfiles, e funerais. A mesma banda que ia tocando lentamente nos enterros voltava efusiva para a festa celebrando a continuação da vida. Neste contexto a função do baixo era feita pela tuba e mais adiante pelo trombone.

♫ O Ragtime

Jelly Roll Morton

Composta para o piano, essa música que mistura clássica com popular é uma das mais ricas em melodias e muito contribuiu para o desenvolvimento do jazz. Fortemente sincopado e dançante, as peças eram de dois,três ou até quatro temas diferentes, geralmentede dezesseis compassos,foi inspirado numa dança conhecida como “Cake-Walk” ou“Regging”, que imitava danças de origem européia. O pianista executava, na mão direita,a melodia sincopada e floreada enquanto a mão esquerda,a marcação de base aos tempos fortes. Posteriormente os metais também fizeram parte do ritmo.

♫ New Orleans 1900


Considerada como o berço do Tradicional Jazz, New Orleans no início do século atraía povos de varias etnias que amavam e praticavam as suas próprias tradições musicais. Uma grande mistura de ritmos: óperafrancesa, folk songs, danças espanholas, marchas prussianas,canções napolitanas, melodias cubanas, ritmos africanos,blues,spirituals, shouts, ragtime e tudo o mais que fosse musical se cruzavam mutuamente. Em seu bairro boêmio cheio de bares, tavernas, bordéis, salas de jogos, cada um tinha seu pianista,demonstrando a marcante atividade musical da cidade. Aos poucos foram formando as pequenas orquestras de metais que ganhavam cada vez mais espaço. Assim após os desfilesnas ruas a nova música ia penetrando estes ambientes.Para conseguirem os melhores contratos e os melhores locais para tocar, os grupos travavam verdadeiras batalhas musicais nas ruas de New Orleans.Quem tocasse mais depressa ou o solista que tocasse mais alto ou a formação quemais mexia com os ouvintes vencia o embate. Louis Armstrong


Foi justamente em New Orleans que nasceu o mais célebre nome do jazz, Louis Armstrong. Dono de um talento excepcional e vários anos à frente de seutempo foi precursor da linguagem jazzística de tocar e improvisar.


♫ Chicago 1920


Em Chicago nos anos 20 o movimento musical é grande, devido a cidade ser um centro industrial na época e a proliferação de clubes clandestinos onde se dançava e bebia muito álcool. Os músicos encontravam facilmente trabalho formando orquestras,mas ainda assim o impacto do jazz em Chicago não foi muito rápido.O ragtime e o blues já se haviam infiltrado há algum tempo, mas coma a fluência de músicos de New Orleans para Chicago, os músicosda cidade fizeram o possível para impedir a instalação dos novos colegas. Trataram sua música como suja e a insultavam por todos os nomes. Desta forma, a palavra jazz começou a ser usada, primeiramente como xingamento. Nesta época, os brancos começam a ver uma fonte não só musical, mas também de renda muito forte, e produziam as Big Bands, bandas de baile que competiam com as recém-formadaspelos negros.Ambas eram requisitadas em todas as novas boates e começaram a fazer turnês paraoutras cidades e estados dos EUA.O baixo acústico começou a ser introduzido nas bandas mas comuma condução simples.

Normalmente dobrava as linhas de baixo do piano. Curiosamente não foi uma orquestra formada de negros que gravou o primeiro disco de jazz, foi a Original Dixieland Band em1917, formada por brancos. Logo em seguida King Oliver montou a Original Creole Jazz Band emChicago, demonstrando o que erao verdadeiro jazz de New Orleansem várias gravações.
Bandleader Joseph "King" Oliver
Chicago não se limitou a hospedaros “jazzmen” de Nova Orleans,mas também criou os seus que mais tarde formariam o estilo Chicago.Este reuniu ao seu redor todo o saber jazzístico de então e foi durante anos a cidadedo jazz por excelência.
♫ Swing
O período que engloba a década de 30 ficouconhecido como era do swing. Trata-se do primeiro estilo maciçamente popular do jazz,de extrema qualidade técnica, arranjos elegantes e dançante, o que agradava imensamente as multidões durante a época da guerra. O swing teve as mais célebres formações orquestrais do jazz,como Glenn Miller, Benny Goodman e Artie Shaw.

Count Basie, um dos grandes mestres da época,tinha Walter Page no contrabaixo que foi o primeironome a gravar tocando walking bass - técnica através da qual o contrabaixo passa a descrever linhas contínuas com uma nota por tempo.


Walter Page

Antes dele a condução era feita pela tuba ou pelo próprio baixo acústico, mas com uma condução com notas no primeiro e terceiro tempo do compasso. É o que conhecemos como condução “a dois”.Walter no baixo e Papa Jo Jones na bateria revolucionaramcom um jeito mais aberto e solto de tocar.

Mais tarde Duke Ellington, pianista e grande manager de orquestras, descobre o talento do contrabaixista Jimmy Blanton.Com novas idéias harmônicas e melódicas que nunca foram imaginadas,Jimmy introduziu o uso de colcheias e semicolcheias demonstrando um potencial parao instrumento ser solista.Mesmo tendo morrido prematuramente aos 21 anos, marcou com seu virtuosismo tornando-se o primeiro mestre do contrabaixo no jazz.
Jimmy Blanton

O fato é que o próprio nome do estilo seja também o nome de uma qualidade muito valorizada no jazz. Indica que existe ali algo de profundamente válido em termos jazzísticos. É sempre bom ressaltar que o swing foi um celeiro de talentos. Muitos músicos que depois desenvolveriam estilos próprios e viriam mesmo a inaugurar novas correntes no jazz são oriundos das orquestras da era do swing.

Bebop 1940

Antes de 1940, após a grande depressão, havia pouco dinheiro no mercado e conseqüentemente o declínio das Big Bands. Neste cenário, surgem pequenos grupos de cinco ou seis músicos tocando em pequenos bares que foi uma alternativa de bom comércio para sua música. O tamanho menor ainda permitiu oportunidades de solo a todos instrumentistas que passam a ter vez para o virtuosismo.

Nasce o Bebop.


A música foi caracterizada pela sofisticação harmônica (principalmente o uso de “blues” e “rhythm changes”),complexidade rítmica, e por melodias e progressõesmais complexas. Além disso, as frases dentro da música eram freqüentemente irregulares, fazendo do bebop um estilo muito menos popular.Com o bebop o jazz deixa de ser música para dançar e passa a ser música para ser ouvida, apreciada. Tocar Bebop exigia muito mais técnica dos baixistasque começam a improvisar, explorar a região mais aguda, usar o cromatismo no walking e aumentar a velocidade, já que o andamento é bem mais rápido.

Slam Stewart, com seus solos de arco, pizzicato e voz em simultâneo, foi um dos pioneiros em improvisos em contrabaixo.

Slam Stuart

Sucessor de Jimmy Blanton, o contrabaixista e violoncelista Oscar Pettiford foi um dos pioneirosno estilo Bebop e como artista solo montando seus próprios grupos.

Oscar Pettiford

Na década de 40 tocou ao lado de Charlie Barnet, Coleman Hawkins, Earl Hines, BenWebster, Dizzy Gillespie e Duke Ellington. Faleceu em 1960.



Ray Brown,


outro sucessor de Jimmy Blanton e contemporâneo de Oscar Petifford,tocou em várias big bands e ocupou o espaço deixado nas pequenas formações por Pettiford, que ingressara na big band de Duke Ellington.

Em sua longa carreira, Ray morreu em 2002, tocou com grandes nomes como Dizzy Gillespie, Ella Fitzgerald,Oscar Peterson, Sarah Vaughan, Tony Bennett e também em suas formações comoartista solo.

No Bebop é criado um outro dialeto dentro do jazz.

O nome vem das onomatopéias pronunciadas pelos músicos imitando o fraseado frenético dos seus instrumentos.




A articulação e as frases do bebop eram o sotaque da voz do negro (bebop-bebop), sendo todos os grandes expoentes negros,Slam Stewartee o principal, Charlie Parker - um improvisador prodigioso com a técnica perfeita. Seu modo de tocar era algo novo no mundo do jazz. A influência que Charlie Parker exerceu nosmúsicos só se compara àquela exercida por Louis Armstrong.Outro mentor do bebop foi Dizzy Gillespie, umdos criadores da linguagem do trompete jazzístico moderno, e um verdadeiro embaixador da música.O surgimento do bebop desperta e reascende o interesse em New Orleans pelo jazz,e unifica o estilo Jazzístico e seus músicos.


Charles Mingus excepcional improvisador no contrabaixo, compositor e um dos mais importantes contrabaixistas de todos os tempos, também liderava os seus grupos, muito se destacou no movimento.Charles Mingus


Outro baixista de grande influência sendo um dos responsáveis pelo cromatismo no walking foi o baixista Scott LaFaro (1636-1961), que apesar de ter morrido bem jovem, aos 25 anos, deixou uma grande marca e foi umadas maiores influências do contrabaixo no jazz. Gravou uma quantidade enorme dediscos com diversos nomes do jazz entre eles o pianista Bill Evans.Scott LaFaro

Depois da morte de Scott LaFaro, o baixista porto-riquenho Eddie Gómez passa a tocar com com Bill Evans, onde impõe à sua marca a elegânciade um grande improvisador no baixo acústico tocando toca mais na região media do instrumento, o que faz lembrar o som do fretless.

Eddie Gómez

Tocou com vários nomes do jazz, como o pianista Chick Corea, e o percussionista brasileiro Airto Moreira, entre muitos outros.Vários dos baixistas citados aqui não podem ser inseridos em um período musical. Além de suas carreiras passarem por várias eras, os vários estilos sempre coexistiram fazendo com que os músicostocassem todos eles.
Podemos destacar outros nomes no estilo como o pianista Thelonious Monk,os bateristas Kenny Clarke e Max Roache o guitarrista Charlie Christian; e também o vibrafonista Milt Jackson, o pianista Bud Powell e o trombonista Jay Jay Johnson.

HISTÓRIA DO JAZZ - parte II













♫ Cool Jazz

No fim dos anos 40 surge o cool jazz que, com a harmonia menos variada e improvisos com menos notas, representou uma reação suave ao Bebop, caracterizando um estilo mais distendido e relaxado de tocar jazz. Um ritmo mais introspectivo e contido,menos complexo que o bop, com as sonoridades dos instrumentos atenuadas. Apesar do nome, não se deve associar o cool jazz com uma espécie de jazz “frio”, sem swing ou sem alma.


Encontramos gravações cool, ritmos ágeis, solos intensos e sincopados.

Entre os expoentes do cool jazz encontra-se Miles Davis que marcou a época com o disco “birth of the Cool” e ainda impulsionou outras revoluções estéticas nas décadas que se seguiriam.Com vasta cultura musical, Ron Carter passou porvários estilos do jazz, incluindo música brasileira em suas influencias. O som de seu baixo é encorpado, usando muito o “glissandro” para chegar nas notas, que são mais conectadas e não têm muitos ataques.Também compôs diversas trilhas sonoras para cinema.Tornou-se famoso ao integrar o quinteto de Miles Davis no início dos anos 60 tocandotambém com Herbie Hancock, Wayne Shorter e Tony Williams.Entre os expoentes do cool jazz encontram-se Gerry Mulligan(sax barítono),com seu famoso quarteto, Stan Getz (sax tenor), Chet Baker(trompetista mitológico do jazz) e Lennie Tristano(piano).

♫ Hard bop
Retorno às linhas mais frenéticas, mas não só com improvisos sobre harmoniade blues, mas diversas musicas tocadas rápidas com fraseado em cima do bebop.O contrabaixo e bateria ganham maior liberdade e atingem a emancipação dentro do conjunto de jazz. No Hard Bop os instrumentos da seção rítmica freqüentemente assumem o primeiro
plano.

♫ Modal Jazz














O jazz modal começa também a ser explorado por e Miles Davis, usando combinações harmônicas mais livres do que a harmonia tonal tradicional, influência de Bill Evans, e improvisando mais sobre notas longas.Era algo mais sofisticado, com estruturas elaboradas.O marco desta era foi o disco conceitual, Kind of Blue considerado um dos mais cult do jazz. Com Miles, gravaram os saxofonistas John Coltrane, e Julian Adderley e opianista Bill Evans,que de uma forma bem própria colocava melodia entre os acordes.O contrabaixista Paul Chambers foi o grande nome desta fase nos anos 50 e gravou quase todos os discos do Miles junto com o baterista Philly Jo Jones.O baixista Steve Swallow nasceu em 1940 e tocou baixo acústico em diversas formações ao lado de Benny Goodman, Paul Bley, João Gilberto, Stan Getz, MichaelBrecker, George Benson, Herbie Hancock e John Scofield. Em1970 adotou o baixo elétrico usando palheta para tocar. Foi um dos primeiros baixistas a adotara corda C aguda no baixo de 5 cordas.


♫ Free Jazz 1960

Com fortes influencias da música vinda do oriente médio trazida pelos muçulmanos, o free jazz explode nos anos 60.Experimental e provocativo, aparece como uma espécie de rejeição à tradição jazzística. Caracterizado por quebrar regras, uso de compassos incomuns, harmonias com resoluções ilógicas e estruturas irregulares.Com o free, o jazz incorporou conquistas estéticas da arte de vanguarda dos anos 60, como a música atonal e aleatória e o happening. O free jazz nasceu “oficialmente”com o famoso disco de 1960(intitulado precisamente Free Jazz), onde se ouve o quarteto duplo liderado por Ornette Coleman (sax alto) e Eric Dolphy (clarinete-baixo), no qual participarammúsicos importantes: Charlie Haden e Scott LaFaro aos contrabaixos, Don Cherry eFreddie Hubbard aos trompetes, Ed Blackwell e Billy Higgins nas baterias.A improvisação coletiva onde todos os músicos improvisam simultaneamente eindependentemente era também comum.
O free jazz foi elogiado por alguns dos músico
s proeminentes do tempo, mas não facilmente aceito pelo público.O saxofonista Ornette Coleman, considerado inventor do free jazz define da seguinteforma a nova atitude dos “jazzmen”:

“Não existe uma maneira correta de tocar jazz relacionando uma nota com um acordetradicional, limita-se à escolha da nota seguinte”.


♫ Fusion

Controverso entre os apreciadores de jazz,mas com grande sucesso comercial, surge na virada dos anos 60 para os 70, o jazz-rock,conhecido como fusion, que combina progressões dojazz com os ritmos do rock, com baixo elétrico, guitarra elétrica e muita percussão.Esta revolução é concretizada pelo álbum duplo“Bitches Brew” de Miles Davis de 1969.Este contou com um grupo numeroso de músicosque viriam a se tornar quase todos grandes nomesdo jazz-rock e líderes dos principais conjuntos desse estilo.


Entre eles o pianista Chick Corea, o tecladista Joe Zawinul, que iria fundar o Weather Report,e diversos músicos do primeiro time, como o baixista inglês Dave Holland e o baterista Jack DeJohnette, entre outros. Além de Dave, os baixistas europeus que mais se destacaram no jazz foram odinamarquês Niels Henning Orsted Pedersen (NHOP),um dos mais brilhantes improvisadores no acústico, e Miroslav Vitous, nascido na antiga Checoslováquia e primeiro integrante do Weather Report.Certos conjuntos eram verdadeiras máquinas instrumentais, em termos de energia,entrosamento e sofisticação.Porém essa qualidade técnica não supre as características jazzísticas que os puristasdo jazz sentem faltar no fusion dos últimos anos.


A influência do baixo elétrico no jazz veio principalmente com Jaco Pastorius e a maneira como ele apresenta seu disco solo em 1976. Sendo o band leader, baixista, compositor e arranjador, revolucionou com sua forma de tocar, frasear, sua concepção,arranjos e as misturas musicais.
Abre o disco tocando “Dona Lee” de Charlie Parker, um “Bebop” executado apenas com baixo e percussão. Isso foi sem dúvidas uma revolução pra todo músico, não só para o baixo elétrico.


Outros grandes nomes do contrabaixo elétrico no jazz são Stanley Clark, John Patitucci, Jeff Berlin, Victor Bailey, Jeff Andrews, Marcus Miller, Gary Willis, Alain Caron e Richard Bona, entre vários outros.
A guitarra elétrica se transformou numa referência , ao se tornar um instrumento de solo, executando um som bem alto e brilhante; destaque para o guitarrista Larry Coryell,em 1966, com seu grupo Free Spirits,trouxe um timbre orientado para o rock, fazendo um ataque muito forte, ao invés dostimbres suaves que os guitarristas de jazz empregavam até então; e para o grupo dejazz de Gary Burton em 1967.


E os bateristas mudaram seus estilos, deixando de lado os ritmos de bop para se orientarao rock, dando ênfase à cada batida, com força e pulsação.


♫ Jazz no Brasil


O jazz nos moldes americanos nos anos 20, era representado no Brasil por Big Bands exatamente com a mesma formação das norte-americanas, ou seja, naipes de saxofones, trompetes e trombones, com uma seção rítmicade piano, bateria, contrabaixo e guitarra, além do “crooner”. Este movimento seprolongou até os anos 40, era do swing, tocando em bailes e gravando discos. Mas foi depois que as Jam Sessions (reunião informal de músicos para improvisar)começaram a acontecer, onde músicos profissionais, amadores e fans do jazz participavam e divulgavam o ritmo no Brasil, que esta influencia junto com o samba criou a bossa nova.


A partir daí vários músicos brasileiros levaram o ritmo com mais balanço para os EUA, já com um som bem característico e maduro, influenciando o jazz americano.
Passa a fazer parte do livro “Real Book”, qu
e é a “bíblia” do jazz.
A outra forma de se pensar no jazz no Brasil é considerar o estilo como música de improvisação e nas fusões que aconteciam no mesmo momento em que o jazz estava nascendo nos EUA.


Da força da cultura musical negra misturada com influências européias no Brasil,nasceu o maxixe, choro, samba e toda a variedade da música afro-brasileira. Assim, enquanto o jazz tradicional se desenvolvia nos EUA na década de 20, aqui acontecia o choro, curiosamente chamado pelos japoneses ainda hoje de “Brazilian Ragtime”.
Pixinguinha representa para o Brasil o mesmo que Louis Armstrong representa para os EUA. Alguns músicos brasileiros com fortes influênci
as do jazz:Toninho Horta, Helio Delmiro, Hermeto Pascoal, Marcio Montarroyos, EgbertoGismonti, Andre Dekesh, Mauro Senise, Pascoal Meirelles, Paulinho Braga e Oscar Castro Neves, entre vários outros.

♫ Baixistas Brasileiros


Paulo Russo
é um baixista carioca que participou de diversas formações nacionais e internacionais de jazz e tocou com o grande saxofonista V
ictor Assis Brasil– pioneiro do jazz no país e considerado um dos maiores instrumentistas brasileiros. Victor era um dos participantes das lendárias jam sessions em Copacabana, que testemunharam o nascimento de inúmeros astros da Bossa Nova.

Nico Assumpção,
que tinha muita influencia de jazz e a linguagem cromatismo jazzística, tocou com grandes nomes do jazz internacional. Em 1981, lançou o primeiro disco brasileiro de baixo solo, ajudando a tirar o contrabaixo de lá do fundo do palco. Em 1985, junto com Carlos “Bala” na bateria, Luiz Avelar nos teclados, Ricardo Silveira na guitarra e Steve Slagle no sax, marcam a história da música instrumental brasileira com o disco “HighLife”.




Zeca Assumpção em 1982 foi eleito melhor contra-baixista de jazz do país, pela “SociedadeBrasileira de Jazz”, tocou com Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Nelson Ayres, Wagner Tiso e vários outros.

O baixista Nilson Matta, radicado há muitos anos nos EUA, é um dos fundadores do “Cama de Gato”, um dos grupos responsáveis pela propagação da música instrumentalbrasileira.


Itiberê Zwarg com Hermeto Pascoal, Luis Chaves e Itamar Collaço com o trabalho no Zimbo Trio, Arismar Espírito Santo, Arthur Maia, Celso Pixinga, projetando o baixo em disco solo no Brasil, e após eles uma geração inteira como André Neiva, Ney Conceição, Thiago Espírito Santo, Alberto Continentino, Ebinho Cardoso, André Vasconcellos, Marcelo Maia, e muitos outros que todos nós conhecemos que hoje fazem música instrumental no Brasil, misturam bem o jazz na música brasileira. Para entender melhor tudo isso, só ler não basta, tem que ouvir cada um dos nomesdo jazz, sua sonoridade, criação, interpretação e cada época e movimento diferentedentro do estilo. Não importa se é tradicional, free, rápido, lento, o interessante é tentaridentificar tendências, influencias, escolher solistas prediletos e se divertir.



Agradeço a colaboração para esta matéria do baixita Hamilton Pinheiro, do pianista Renato Vasconcellos (licenciado em música pela Universidade deBrasília e mestrado em Jazz Performance na Universidade de Louisville - EUA)e o baixista Oswaldo Amorim (licenciado em música pela Universidade de Brasília,com especialização na Bass Collective e mestrado em Jazz Performance na Manhattam Schoolof Music).


Saudações baixisticas... sempre causando... Karla Maragno




quinta-feira, 21 de maio de 2009

Baú de discos - Cores Nomes - Caetano Veloso


Aproveitando a "força estranha" que derrubou Caetano Veloso no meio de um show em Brasília, meu baú de discos desta semana o homenageia falando de um de seus trabalhos que é sem dúvida uma super preciosidade... que adoooro...
Gravado em LP/1982 e CD/1989, Cores, Nomes é um clássico merecedor de destaque em minha coleção. Com batera, conga e bongô, o grande sucesso Queixa abre o disco com um prazeroso sotaque baiano. São 12 faixas, das quais 6 contam com a presença do baixista Arnaldo Brandão, que constrói suas linhas de baixo de forma marcante dentro das harmonias bem pensadas e a sempre boa relação entre as letras em caetanez e a melodia. O baixista que entre 1977 e 1983 fez parte da banda de base de Caetano: “A Outra Banda”, demonstra excelência, ao acompanhar o lirismo e sensualidade que Caetano Veloso exala neste trabalho. O disco traz também sucessos como Trem das Cores, Meu bem meu mal, Sonhos (música anteriormente gravada por seu compositor, o super brega Peninha, que Caetano em seu jeito cult de interpretar tentou “desbreguesar”), e o grande hit Sina de Djavan, que tem participação na música. Aliás o disco é cheio de participações especiais, como o trio Maria Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil, em Gênesis; e uma super banda sob o arranjo de João Donato também presente ao piano e Marcio Montarroyos no trompete, em Surpresa, que fecham o disco de forma brilhante. Ainda a presença do então baterista Vinicius Cantuária, que trocou as baquetas por uma carreira de cantor, a voz de Moreno Veloso, entre outros. E como o assunto aqui é baixo, vale falar mais do baixista Arnaldo Brandão que além de acompanhar muitos nomes da MPB, movimentou a cena pop brasileira, nos anos 80, criando grupos como O Brylho, que emplacou o hit A Noite do Prazer, Hanoi Hanoi, que tocava nas rádios brasileiras sem parar a música Totalmente Demais(também gravada por Caetano), compôs com Cazuza, O Tempo Não Pára, e com Lobão, Rádio Blá. Sem mais blá blá, nossa preciosidade é a boa música que sobrevive sem arranhões ao tempo, ao mau tempo, mudanças e modismos.
e agora... o momento da queda...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Entrevista com Paulo Xisto - SEPULTURA

Paulo Xisto - o baixista da banda que leva o Brasil do metal pelo mundo


O baixo vivo na Sepultura


por Karla Maragno



Encontramos sua casa numa vila bem tranquila em São Paulo. O primeiro carro que transportou a banda Sepultura - uma variante marrom estava estacionada a porta com um adesivo super antigo do grupo. Com os chinelos do Sepultura nos pés, Paulo Xisto recebe a Baixo Brasil para uma entrevista cheia de histórias próprias e da banda que carrega a música brasileira através do metal pesado, com quase 25 anos de existência, persistência, força e sucesso


O que é o Sepultura?
Uma banda, um conceito, um estilo de vida!





E como você entrou na banda?
Entrei porque eu tinha um baixo Giannini. Não sabia tocar, mas tinha um baixo


Mas por que você tinha um baixo se não sabia tocar?
É porque na escola um pessoal se juntou pra fazer uma banda e não tinha baixista. Eu nem sabia o que era um baixo, mas queria entrar na banda e infernizei a vida dos meus pais e tios pra comprarem um baixo pra mim. Eu o tenho até hoj
e. Comprei na Mesbla, financiado em trezentos milhões de vezes. Mas depois de duas semanas de banda, eles me mandaram embora porque eu não sabia tocar.

E você foi estudar para aprender?
Muito de leve. Sempre fui preguiçoso. Mas depois disso eu conhecia o pessoal que estava começando o Sepultura e eles precisavam de um baixista. Quando souberam que eu tinha um baixo me chamaram pra banda. Fui aprendendo olhando as bolinhas do braço do instrumento. Fui aprendendo na raça mesmo.


Você olhava o guitarrista e ia catando as bolinhas?
É. O cara fazia um acorde e mandava eu olhar o indicador
que era a tônica. Ia pegando os toques com os guitarristas e fui aprendendo, olhando. Mas até hoje não sei nada de teoria. Sou grosso mesmo. Hoje em dia estudo mais, porque o Jean (baterista) me força a estudar. To tentando aprender a me disciplinar


Quem compõe no Sepultura?
Bem, no caso deste novo trabalho o A-lex inspirado no livro Laranja Mecânica, a maioria das composições são começadas pelo Andréas e Jean, mas fazemos tudo junto. As vezes a gente tem uma idéia em casa, e concretizamos em nossos ensaios.


Você constrói suas linhas pelo ouvido, pela sonoridade?
É. Pelo que vai soar melhor. Na hora que estamos tocando eu sinto onde o baixo precisa ser mais fraquinho, vou perguntando e vai saindo. Vejo também o que o Jean está fazendo na bateria e tento colocar o baixo de uma forma que não fique aquela coisa de heavy metal, seguindo mais a guitarra, eu tento encaixar com a batera. Quando vou gravar eu tiro a guitarra e gravo só com a batera pra ficar aquela coisa de cozinha. Depois a guitarra vem pra corrigir se tá tudo certinho. Principalmente afinação, porque a gente tem muito problema com isso aí, por ser muito baixa

Voltando para o começo, como era a história de bandas de rock em Belo Horizonte? Havia um circuito alternativo?

O nosso circuito na época era combinado com os pais. Estudávamos durante a semana e nos finais de semana passávamos a tarde inteira ensaiando. Trinta pessoas. Várias bandas, revezavam os instrumentos e amplificadores.

“muitos gringos tem mesmo uma visão restrita do Brasil. Quando o Rush veio ao Brasil não sabia o que esperar. Eu estive com eles e disse: podem se preparar porque terão o maior público de sua vida. Vocês são esperados há 30 anos. E foi realmente o maior público da história deles!”

E como foi a entrada do Sepultura no mercado? Como vocês gravaram o primeiro disco?
Tinha uma loja de disco em BH que o gerente e o dono tinham a banda mais famosa da época: Overdose. Eles já faziam muitos shows e tinham vontade de transformar a loja em um selo. Nessa, eles apostaram no Sepultura e gravamos o disco com eles. A gente nem sabia o que era uma gravação. Eles não estavam familiarizados com este estilo de música que a gente fazia e nem a gente com estúdio. O cara ligou meu baixo direto na mesa. Não tinha nem amplificador. Imagine o que era tirar um som assim. Era muito difícil. A gente sofria.

E a sensação de ter o primeiro disco gravado?
Quando eu cheguei com o primeiro disco em casa eu nem acreditei. Foi o Bolão(dono de um boteco de BH famoso pela macarronada) o primeiro a comprar nosso disco. Ele disse assim: “dá uma coisa dessa aí pra eu ajudar”... e comemoramos lá no Bolão comendo o “pão moiado”

Como vocês caíram no mundo, na estrada? Vocês foram atrás?
É. As vezes o telefone tocava, o pessoal chamava, a gente ia. A gente também mandava carta, usava os fanzines, mandava disco pra todo mundo. Assim começamos a viajar. No primeiro ano fizemos uns 7 shows... hoje em dia se deixar o Sepultura faz 7 shows em menos de uma semana, quando estamos fora em turnê

E como era visto este tipo de som em BH? Bem no bairro que era reduto do clube da esquina?
Eles falavam que nós vomitamos no clube da esquina. A gente morava perto deles. Tem até uma história que a irmã do Lô Borges entrou uma vez no estúdio gritando que a gente estava desafinado, pra pelo menos afinar os instrumentos. Nascemos tortos.

Mas vocês sempre escutavam esse som pesado?
Sempre rock pesado. O pessoal acha que Minas Gerais é aquela coisa de queijinho, cachacinha, MPB, mas não é só isso não. Lá tem uma comunidade muito forte de rock.

Vocês desde o inicio cantavam em inglês?
Sempre cantamos em inglês. Teve uma época que até tentamos cantar em português, mas não soava bem. A gente nem sabia falar inglês direito, pegava o dicionário e traduzia ao pé da letra.

O sucesso alcançado pelo Sepultura lá fora não teria acontecido se vocês não cantassem em inglês?
Acho que a língua realmente ajudou

Vocês então representam um Brasil que não canta samba e não fala português? O pessoal assimila isso como Brasil?
Sim, no começo era estranho, mas essa visão foi mudando. E isso acaba sendo uma coisa legal. Hoje em dia o pessoal conhece o público potencial de rock do Brasil, que já está no circuito mundial do rock. Tem muito gringo vindo pra cá e a gente nem fica sabendo.

Vocês costumam a tocar onde lá fora? Em casa de shows?
Depende. A gente toca em todo lugar. Já tocamos pra cinqüenta pessoas e pra cem mil.
Às vezes a gente toca numa cidadezinha no meio do nada e pensamos; não é possível, não vai aparecer ninguém, e de repente o pessoal aparece.
E o comercial da TV? Tem gente que não gostou de ver vocês tão comerciais e tocando bossa não é?
Quem não gostou foi porque não entendeu o conceito do comercial. Qualquer brechinha que a gente dá o pessoal vai falar mal mesmo. Tem gente que gosta e tem gente que não gosta. Sempre vai ser assim. E foi legal porque muita gente pensou que a banda tinha acabado. Muita gente pergunta, “ué o Sepultura não acabou não é?” Com a propaganda puderam ver que ainda existimos


E na mesma semana que o comercial estreou vocês foram no “Altas Horas” , fortalecendo a evidencia do grupo, não é?
É. Mas olha só, isso de undergroud, de separar tudo, é coisa de brasileiro. Lá fora não tem esse preconceito. Já tocamos em festivais na mesma noite que Alanis Morrisset, Red Hot Chili Peppers e Peter Gabriel. Ah! Já tocamos no Estádio Olímpico de Monique num show que o Sting era a atração principal, tinha o Sepultura e uma banda country. Isso aqui no Brasil ainda não acontece. Quando colocaram por exemplo no Rock Rio o Lobão depois da gente, o cara sofreu...

Você acha legal esta questão de juntar as diferenças?
Muito. Nós gravamos uma música do Zé Ramalho para a trilha do filme Lisbela e o Prisioneiro e ficou muito legal. É só fazer o negócio bonitinho, bacaninha pra não queimar nem um lado e nem o outro. É só respeitar os dois lados e se manter no próprio conceito.

Vocês estão lançando agora um novo disco: A-lex. O que significa?
A-lex é o nome do personagem principal do livro/ filme Laranja Mecânica, no qual o disco é inspirado. A-lex em russo significa sem lei.

Alguma razão pela escolha do Laranja Mecânica?
Foi uma inspiração. O disco anterior foi inspirado na Divina Comédia de Dante. É como fazer uma trilha sonora. Neste agora a gente tentou focar mais no livro do que no filme. O livro é sempre mais completo.

Qual a novidade, qual a sonoridade?
A sonoridade está bem sepultura, bem crua mesmo. Nós chegamos a gravar 21 músicas, mas entraram 18. E são divididas nas 4 fases do livro. Tem a parte de quando ele é moleque e violento, tem a parte de quando ele é preso, o tratamento, a tortura psicológica, os problemas da readaptação a sociedade, e ele mais velho. Fizemos este ciclo. Então quando é mais violento é mais porrada. E por aí vai. Dá pra sentir.

Fizeram em quanto tempo?
Nós fizemos este disco em 4 meses. Fluiu perfeito. E nosso tempo de estúdio é mais ou menos padrão: 4 semanas de gravação e 2 semanas de mixagem.

E a turnê de lançamento começa por onde?
A maioria das vezes começamos pela Europa, que é nosso mercado mais forte, ficamos um mês e meio, voltamos pro Brasil, vamos para os EUA, voltamos pro Brasil, Europa, e assim vai.

Quais são seus trabalhos paralelos da banda?
Eu tenho a revista 77, a loja virtual do Sepultura, e o futebol de final de ano. O jogo das estrelas. Mas tenho que sempre que saber primeiro o que está acontecendo com a banda. A banda pra mim ainda é prioridade. De vez em quando também aparece um negocinho pra eu gravar, mas se eu colocar muita coisa na minha vida eu fico doido... é muita coisa

Eu ouvi falar que você gosta de jazz. É verdade? Você escuta jazz?
Eu gosto mais de fusion. Escutava também musica clássica, mas ultimamente ando ouvindo mais rock mesmo

E o mercado de rock hoje no Brasil, como está?
Tem muito show gringo, mas pra ver um show é muito caro. Quanto às bandas nacionais, tem muita banda. Tá saturadasso. Alguma banda nova boa, eu não sei. Eu gosto mais de bandas antigas. Meu ipod tem de tudo. Também escuto vinil, coisa velha mesmo

Quais são os três discos essenciais para você?

O disco Destroyer do Kiss, o Jaco Pastorius, e o novo do Sepultura, que é um trabalho muito forte e se o pessoal assimilar direito o que ouvir, certamente vão notar uma mudança. Este ano a gente está querendo fazer o que fazíamos antigamente. Com mais gás. Tocar
muito. E o público vai sentir isso!

Equipamentos:
1. *baixos FENDER 5 cordas custom Shop (USA) ;
*cordas Fender (050-130 // 045-125)
*cordas DR (050-130 // 045-125)
*Cabos Fender
*Cabos Tecniforte
*Cabeças Meteoro 1600 + caixas Meteoro (8x10)
*Cabeças SWR + caixas Megoliath (8x10)
*Caixas Ampeg (8x10) Custom
*Meteoro MPX bass drive & direct
*SansAmp RB-1 pre amps
*Cry Baby Bass whah
*DOD efeitos
3. Fender instrumentos, cordas, cabos, palhetas & acessórios; DR strings; Tecniforte cabos; Meteoro amplificadores; Meteoro MPX Bass Drive; SWR amplifiers


Karla Maragno e Paulo Xisto - depois da entrevista.. hora de mostrar as coisas que fizeram a história da banda...

Curiosidades:

Em 2008 Paulo Xisto recebeu uma honraria criada por Juscelino Kubitschek: a medalha de comendador do estado de Minas Gerais. O fato deixou o baixista super honrado, pois os indicados são escolhidos a dedo por duas comissões. A cerimônia aconteceu em Ouro Preto dia 21 de abril, com a presença de sua família, que é da cidade, e deixou o herói dos graves emocionado.

O Sepultura fez um arranjo para a peça clássica “9ª Sinfonia de Beethoven” gravada junto com uma orquestra de câmera. Em Laranja Mecânica, esta era a peça favorita de Alex. Ao final do filme, escuta-se o último movimento da 9ª Sinfonia ao fundo.




saudações baixisticas... sempre causando...

Revista Baixo Brasil 03






A Revista Baixo Brasil 03 está disponível para donwload -
www.revistabaixobrasil.com.br ou www.baixonews.com.br



terça-feira, 19 de maio de 2009

eaee??? o que está acontecendo com a baixo brasil

FOTOS DO LANÇAMENTO DA REVISTA BAIXO BRASIL NA EXPOMUSIC 2008


Muitos baixistas foram prestigiar esta novidade no mercado....



era o início de um sonho...karla maragno e ebinho cardoso


karla maragno e paulo xisto(sepultura)



karla maragno e dunga



ayka zero, karla maragno e ney neto


karla maragno e ronaldo lobo


karla maragno e beto di napoli(rita lee)

karla maragno e chico gomes


karla maragno e thiago espirito santo


karla maragno e artur maia


karla maragno e lú rodrigues


O que todos os leitores da Baixo Brasil tem questionado nestes ultimos dias... depois da notícia que a revista não seria mais rodada, é...

então... é verdade? Acabou?
O que eu posso responder? O que sei é que quando recebi o convite pra ser a editora deste projeto, tão brasileiro, tão cheio de ideais iguais aos meus, de divulgar o trabalho de quem não tem espaço na mídia, mas tem um trabalho interessante... de divulgar nossa musica, nossa historia a partir de um instrumento que escolhemos para ser o nosso instrumento... eu fiquei muito feliz... foi mais que um presente... é só ver minha expressão em todas as fotos acima... mesmo cansada com a maratona de fazer a revista, virar noites sem dormir trabalhando e mais quatro dias de feira... estava ultra mega feliz...

sei que muitos também se sentiram presenteados... mas de repente, por motivos que fogem meu controle... o sonho pareceu chegar ao fim...
mas é assim? Vamos desistir? Se depender de mim não... Como uma jornalista e baixista que escolheu este caminho, vai simplesmente cruzar os braços e dizer... ok... tudo bem... fazer o que? Não faremos mais nada? Vamos voltar ao que tinhamos antes... só a cover baixo e pronto???

essa não sou eu... e ainda bem que tenho ao meu lado pessoas que também lutam para que isso seja uma fase... uma transição... um momento... Ronaldo Lobo, Henrique Fontoura, Celso Pixinga e mais os fieis colaboradores, estão prontos para continuar a luta...

no momento o que podemos fazer é colocar a revista na net... mas o que importa é que ela continue existindo... pois já é uma realidade... mesmo com pouco tempo, já é querida por muitos... e é por isso... por cada um que se sente mais completo com a publicação que continuaremos com o mesmo amor fazendo a revista continuar existindo... em breve colocaremos no ar a 03... em breve mesmo... ainda esta semana... darei noticias do endereço onde ela estará disponível pra donwload...
ontem passei o dia todo com o henrique fontoura agilizando este processo... então... aguardem... e vamos em frente...

quanto ao processo administrativo... peço que qualquer dúvida entrem em contato com o Deivid Miranda responsável por esta parte da revista...

Obrigada a todos... pelo carinho e apoio enooorrrme que tenho recebido... no meio desta tempestade descobri amigos fantásticos... reais e virtuais... obrigada meeessmooo!!!

saudações baixisticas... sempre causando...

Karla Maragno