Hoje vou deixar aqui uma resenha que o Ney Neto fez para o disco Bossa Jazz do Pixinga... sem os cortes que tivemos que fazer pra caber na Revista Baixo Brasil 01...
BOSSA JAZZ
Por Ney Neto
“Oh! My God! This guy is killer!”
Com uma expressão de espanto no rosto, foi o que disse, surpreso, o baixista Dani Morris, professor da Berklee College of Music, uma das mais reconhecidas escolas de música dos Estados Unidos.
Ele ouvia a gravação da música Triste, de Tom Jobim, uma das faixas do décimo quarto disco solo de Celso Pixinga, Bossa Jazz, que levei comigo nessa viagem a Boston. Sim, é um álbum com padrões internacionais, capaz de impressionar a crítica especializada no Brasil e no exterior.
Ao longo das dez faixas do álbum, Pixinga destila seus grooves poderosos, tocando baixo elétrico, vertical e midi. Já na primeira audição de Bossa Jazz, a assinatura de Pixinga é notada na construção de suas levadas, sempre com muito swingue e idéias de frases e contrapontos interessantes e bem elaborados.
As cantoras Rita Kfouri, Maria Diniz e Valma Ruggeri interpretam clássicos da bossa nova, com arranjos contemporâneos, em sua maioria assinados pelo próprio Pixinga e pelo pianista Tato Andreatta.
Distante do taca-tica-tum que marca a maioria das regravações de temas como esses, em Bossa Jazz é possível ouvir um poderoso groove de funk pulsando junto com a bateria e inesperadas harmonias, além de improvisos que fluem cheios de virtuosismo e criatividade. Tudo refinado ao mais puro sabor da liberdade, sem fronteiras e sem permitir a sombra de nenhuma barreira de linguagem, estilo, técnica ou qualquer bobagem que inventem para sufocar a musicalidade..
No clássico da bossa nova “Wave”, Celso Pixinga e o baterista Giba Favery criam um clima bem interessante na introdução, completado pelo arranjo do violão e do teclado. Essa faixa é um exemplo de entrosamento e funcionamento baixo-bateria em uma banda, gerando o terreno perfeito para o ótimo solo de Fabio Santini ao violão.
Em “Triste”, o solo de baixo não tirou à toa o fôlego de Dani Morris. É realmente fantástico, e vem seguido por um não menos “mortal” Wagner Barbosa, com um improviso de sax alto, muito técnico e virtuoso. Nesse momento, Pixinga demonstra uma condução poderosa, aliás, Bossa Jazz é uma aula de condução no contrabaixo, passeando por funk, bossa nova, samba, e jazz.
Sua perfeita intimidade com o jazz é evidente em um excelente walking-bass e com um belo improviso de baixo acústico em “It Had to Be You”.
Outra surpresa foi à regravação de Zona Oeste, do baixista Nico Assumpção.
Fato Consumado! Bossa Jazz é um álbum excelente. Também é Fato Consumado, de Djavan, a música que fecha o disco, e Pixinga utiliza a famosa técnica de slap que marcou sua carreira Destaque à parte para o projeto gráfico do disco, que retrata a pintura Dizzy Atmosphere, de Stephen Henriques, um pintor americano de San Francisco (Califórnia), que mudou-se para o Brasil e tem um trabalho maravilhoso, onde expressa através da pintura de seus quadros as emoções e sensações que têm ao ouvir música, mais especificamente jazz. Dentro do espírito do projeto, de unir culturas musicais.
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