quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mudando de assunto

Olga Benario





Insisto sempre em dizer que a informação não ocupa espaço e nos ajuda a ser pessoas mais agradáveis de se conviver... sem falar que... quanto mais informações temos sobre assuntos os mais diversos, mais bem preparados estaremos para ser cada vez melhores no que fazemos.


... nós músicos precisamos das mais diversas informações musicais para aperfeiçoar nossa música... por isso hoje, resolvi mudar de assunto...



ao abrir minha caixa de email estava lá um email do Maestro Jorge Antunes dizendo que hoje... dia 30 de abril, é o “Dia Nacional da Mulher”.... eu nem sabia que existia tal data... mas achei interessante a homenagem que ele fez ao dia e reproduzo suas palavras aqui:


"Lembrando a importante data, quero homenagear todas as mulheres guerreiras.Para tanto, coloco à disposição, para escuta, a Grande Ária Final de minha ópera Olga. Essa ária tem cerca de 16 minutos de duração e é, possivelmente, a mais longa ária de ópera já escrita em todos os tempos. Nela musiquei, na íntega, a última carta que Olga Benario escreveu para Prestes, antes de ser levada à câmara de gás do campo de concentração nazista de Bernburg, em 23 de abril de 1942."



O Maestro Jorge Antunes, para quem não conhece... já em 1962 começou a se interessar pela música eletrônica, ao mesmo tempo em que ingressava no curso de Física da Faculdade Nacional de Filosofia. Depois de construir vários geradores, filtros, moduladores e outros equipamentos eletrônicos, Antunes fundou o Estúdio de Pesquisas Cromo-Musicais, destacando-se desde então como precursor da música eletrônica no Brasil.
A partir de 1966 ele começa a se destacar como um dos nomes mais representativos da vanguarda musical brasileira e participa de vários festivais nacionais e internacionais.
Varsóvia, 20 de maio de 1992. Jorge Antunes, dirigindo a Orquestra Filarmônica de Lodz



O primeiro mini-CD lançado no Brasil (Sistrum CD ST 001, 1994), incluindo as obras eletroacústicas: CINTA CITA e AUTO-RETRATO SOBRE PAISAJE PORTEÑO




Bom... aí é clarooo... coloco aqui a última carta de Olga e quem quiser ouvir a ópera o link é o aí de cima...

"Queridos:Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças – ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.Carlos, querido, meu amado: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Eu me conformaria, mesmo que não pudesse ter-te muito próximo, se teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto! E estou tão agradecida à vida, por ela me ter dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha?Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que me esforço para despedir-me de vocês agora, para não ter de fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti, aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom. Eu lutei. Lutei pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento me manterei firme e com vontade de viver. Agora, ao descanso, vou-me embora, vou dormir, pra ser muito mais forte amanhã. Beijo-os pela última vez."

Fica aqui meu registro com todo orgulho de ser mulher e o sentimento honrável a todas as Olgas espalhadas pelo Brasil que tem este espírito guerreiro...

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