quarta-feira, 29 de abril de 2009

Frank Negrão e Arturzinho Aguiar - a história

foto de Leo Azevedo


esta matéria eu fiz pra segunda edição da Revista Baixo Brasil... e já que postei um vídeo deste duo... é legal também contar mais a história deles pra quem não leu a revista...



Tempero baiano


O swing instrumental que vem de Salvador desperta até a vontade de dançar

Muito mais que axé, blocos e trios elétricos animando o carnaval, Salvador mostra para o Brasil seu jazz, através do duo de baixistas formado por Frank Negrão e Arturzinho Aguiar



Originada de um processo de pesquisas e da junção de trabalhos individuais de cada um, a concepção do Duo instrumental é de música bem trabalhada, rica harmonicamente, com melodias agradáveis e com sotaque baiano.
Da parte de Arturzinho, e bem presente no trabalho do Duo vem a “Chula”, uma vertente do samba e característica do recôncavo baiano, especialmente na cidade de Santo Amaro da Purificação, conhecida por seus ilustres filhos Caetano Veloso e Maria Bethânia.
O ritmo é parte da herança cultural afro-brasileira e é um canto típico de lavadeiras que, na beira dos rios, o executavam com as mãos. Com o passar do tempo os músicos o inseriram em suas influências, principalmente o pandeiro e o violão. No duo, o ritmo passa para o baixo de seis cordas. Arturzinho utiliza o polegar e o indicador da mão direita para a realização do pizzicato em semi-colcheias e os demais dedos ajudam no efeito sonoro percussivo, batizado por ele de “chula bass”.
“Penso como um pandeirista quando estou aplicando essa técnica. Tive a idéia de desenvolvê-la quando vi os grupos de chula se apresentando no Recôncavo baiano”, revela.
Enquanto Arturzinho busca inspiração no interior da Bahia, a outra parte do Duo, Frank, entra com todo swing funkeado, jazz, fusion, muito slap e double thumb. Para completar o tempero forte baiano e dar sabor único à sonoridade, uma pitada de samba, baião, MPB, improvisação e um pouco do que cada um gosta.
Os dois estilos bem diferentes de tocar baixo quando se juntam, formam uma mistura totalmente homogênea e, quando o percussionista é somado ao duo, entra o molho fervendo da Bahia.
E para quem está curioso, sobre o que pensam em relação ao axé - ritmo predominante na Bahia, confessam que, apesar de o reconhecerem como de poucos recursos, também sentem sua influência, pois ambos já o tocaram bastante. O Duo faz questão de ressaltar a grande quantidade de bons músicos que tocam em bandas de axé e, nem por isso, deixam de ter o nível técnico altíssimo.
A meta do Duo é popularizar a música instrumental, pois o consumo de música “pobre” em harmonia, melodias e arranjos é muito grande. Por isso a preocupação em fazer boa música com um bom ritmo para atingir o grande público sem perder a qualidade do som. E nós adoradores da boa música agradecemos!!!

citações do duo...


“Fomos ensaiar lá em casa(Frank) eu, ele, e um percussionista. A gente fazendo aquela zuada e quando olhamos na rua, uns garotos estavam dançando... música instrumental”

“Quando eu falo que faço samba reagee no meu cd as pessoas logo associam com Olodum, tenho que explicar que não é isso que toco, porém os valorizo” Arturzinho


“O axé desde a década passada matou a fome de muita gente e, ainda hoje, muitos sobrevivem dele” Frank Negrão

Um comentário:

  1. Pow ..Muito massa a idéia de valorizar a nossa música . Quero muito ouvi-los pessoalmente enquanto isso aprecio pela net...
    Valeu Artuzinho e Frank ..Muito sucesso !!!

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